Vanderlei Cordeiro de Lima-2004: há 10 anos, o nome dos Jogos Olímpicos de Atenas
26.08.2014
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Maratonista brasileiro superou adversários e agressão para garantir o pódio brasileiro na Grécia
São Paulo (terça-feira, 26 de agosto de 2014) - Há 10 anos, o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima protagonizou o momento mais emocionante dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004. Na última prova do evento, no domingo 29 de agosto, o paranaense nascido em Cruzeiro dOeste ganhou a medalha de bronze na maratona, com 2:12:11. Ele ficou atrás apenas do campeão Stefano Baldini (Itália), que marcou 2:10:55, e do vice Mebrahton Keflezighi (eritreu que competia pelos Estados Unidos), com 2:11:29.
Nascido em 11 de agosto de 1969, morador de Maringá, no norte do Paraná, Vanderlei tinha todos os motivos para comemorar o terceiro lugar, como se fosse o título olímpico.
Ele esteve sempre no pelotão de frente e antes dos 20 km assumiu a ponta, passando à frente do sul-africano Hendrik Ramaala. Foi Vanderlei o corredor que esteve mais tempo na liderança da prova, uma das mais nobres do programa olímpico. Especialmente para esta edição dos Jogos, em que os organizadores prepararam um percurso histórico, desde a localidade de Maratona até o Estádio Panathinaiko, no centro de Atenas. Refazendo o percurso feito pelo soldado Feidipides no século V aC, para informar a vitória dos gregos sobre os persas.
Com mais de 40 segundos de vantagem sobre o segundo colocado, quando já corrido 1:52:00, Vanderlei foi empurrado por um espectador, que levava um cartaz às costas com frase de confuso teor religioso. Foi uma falha da segurança, que demorou para agir. O corredor assustou-se com a presença do agressor, que conseguiu empurrá-lo até um dos lados da pista, sob os protestos das demais pessoas, que correram para livrar o atleta, entre eles o grego Polyvios Kossivas.
Vanderlei voltou à prova, apesar da atitude antidesportiva que prejudicou sua performance. Ele, que havia preparado com o técnico Ricardo DAngelo, um plano de treinamento completado com dois meses de preparação em altitude, em Paipa, na Colômbia.
Apesar da interrupção de seu ritmo de corrida, Vanderlei ainda manteve a ponta por quase oito minutos. Stefano Baldini o superou quando o cronômetro da prova apontava 2:00:00. Logo depois, também Mebrahton Keflezighi o ultrapassou, assumindo o segundo lugar.
Vanderlei manteve a terceira posição e foi ovacionado ao entrar no Estádio Panathinaiko, pouco antes de completar os 42,195 km da prova, ele começou a comemorar o lugar no pódio. O feito do corredor paranaense, que fora lavrador na adolescência, foi reconhecido e elogiado pela mídia mundial.
Em sua carreira, Vanderlei tem, ainda, o bicampeonato pan-americano conquistado em Winnipeg-1999 e Santo Domingo-2003. Seu recorde é 2:08:31, conseguido em 8 de fevereiro de 1998, em Tóquio. Também ganhou a medalha de prata no Mundial de Maratona de Revezamento na Dinamarca, em 1996, e bronze na copa do Mundo de Maratona na Grécia, em 1997.
Em reconhecimento a seu espírito desportivo, o Comitê Olímpico Internacional concedeu ao atleta a Medalha Pierre de Coubertin, de restrita distribuição.
Vanderlei, à época atleta da BM&F, atualmente, faz parte da Assembleia Geral, poder máximo da Confederação Brasileira de Atletismo e integra o Programa Caixa Heróis Olímpicos, que busca divulgar o Atletismo.
"O feito do Vanderlei foi extraordinário, tanto que até hoje ele é lembrado como o grande nome daquela Olimpíada", diz o presidente da CBAt, José Antonio Martins Fernandes, que então era presidente da Federação Paulista. "Ele está entre os grandes atletas de nossa história", concluiu o dirigente.
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