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Vanderlei leva bronze em Atenas e vira herói no pódio olímpico

29.08.2020  |    23 visualizações

Faz 16 anos que o maratonista comemorou a medalha no histórico Estádio Panatinaiko, depois de superar um incidente do percurso em que foi empurrado e tirado da prova por um manifestante, de voltar e concluir a maratona. Foi ovacionado pelo público

Bragança Paulista – Vanderlei Cordeiro de Lima ganhou uma medalha de bronze na maratona nos Jogos Olímpicos de Atenas, Grécia, para o Atletismo brasileiro em 29 de agosto de 2004. Era o último dia de competições e a conquista inesquecível faz 16 anos neste sábado (29/8/2020). O pódio veio acompanhado das glórias de receber também a rara medalha Pierre de Coubertain, a maior condecoração de cunho humanitário-esportivo concedida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), e de ser o personagem principal na abertura da Olimpíada do Rio ao acender a pira olímpica no Maracanã.

Vanderlei ganhou também um lugar de honra entre os heróis olímpicos pelas circunstâncias que enfrentou em Atenas-2004. O brasileiro liderava a maratona com 40 segundos de vantagem e já estava no km 36,5 quando foi vítima de um manifestante irlandês que, vindo do público, de surpresa, invadiu a prova, agarrou e empurrou Vanderlei, num deslocamento lateral por metros que o tirou do percurso. Ajudado a se desvencilhar do agressor por um popular, o grego Polyvios Kossivas, Vanderlei voltou à prova.

É claro que perdeu o ritmo e a concentração, além do susto pela inesperada agressão. Mas não desistiu, correu até o fim e cruzou a linha de chegada no Estádio Panatinaiko (o mesmo da primeira Olimpíada da Era Moderna, em 1896), em 2:12:11. O italiano Stefano Baldini ganhou a medalha de ouro (2:10:55) e o norte-americano Meb Keflezighi (2:11:29), a de prata.

O cenário era a Grécia, justamente o país em que a maratona nasceu sob a inspiração da corrida do soldado Feidípedes, no século V a.C., para anunciar a vitória dos gregos sobre os persas. Vanderlei tinha a vantagem de conhecer o percurso olímpico de quando disputou a Copa do Mundo de Maratona, em 1997. E estava muito bem para a corrida, pois havia feito sua preparação na altitude de Paipa, na Colômbia, cumprindo o planejamento do treinador Ricardo D’Angelo.

"Em Atenas-2004 nunca deixamos de acreditar que seria possível um bom resultado. Vanderlei estava no ápice de sua forma física e vivendo um momento pessoal leve", relembra Ricardo D'Angelo. A vitória na Maratona de Hamburgo, Alemanha, como preparação para os Jogos Olímpicos foi o sinal que precisava. "Após cinco semanas de treinamento em Paipa e a 5ª colocação na Meia Maratona de Bogotá, Colômbia, a 2.800 m de altitude, o sonho continuava de pé", acrescenta D’Angelo.

Num incrível fair play além de comemorar muito o bronze Vanderlei não menosprezou os resultados dos adversários nem foi contundente em críticas, mesmo sendo vítima. Os organizadores e o Comitê Olímpico Internacional (COI) não revisaram o resultado da maratona, mesmo diante dos pedidos apresentados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) e pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).

Vanderlei, porém, foi recompensado com a medalha Pierre de Coubertain, uma honraria esportiva-humanitária destinada a pouquíssimos heróis, concedida pelo COI a atletas e pessoas envolvidas com o esporte que demonstrem alto grau de esportividade e espírito olímpico durante a disputa dos Jogos.

“É muita luta, muita dedicação, é superar as barreiras que a gente encontra ao longo do caminho e sempre acreditar que é possível. Minha história resume bem aquele dia feliz que eu tive em Atenas, em 2004, na conquista da minha medalha. O que passei na minha preparação e no dia da prova demonstram tudo – é uma história de muita persistência, de coisas que superei não só no dia da medalha, mas em toda a minha vida”, resume Vanderlei, que nasceu em Cruzeiro D'Oeste, no Paraná, e completou 51 anos em 11 de agosto de 2020.

Atualmente, integra o programa Heróis do Atletismo da Caixa, com participação em muitas ações pelo Brasil, e tem envolvimento com o Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima (IVCL), projeto que funciona com a Orcampi, em Campinas, São Paulo.

“O bronze de Atenas recompensou um atleta de carreira exemplar, seu treinador e equipe. A Pierre de Coubertain recompensou o homem pela lição de perdão dada ao mundo e a oportunidade de acender a Pira Olímpica no Rio 2016 recompensou sua medalha de ouro arrancada em 2004”, completa D’Angelo.

Para Vanderlei receber a medalha Pierre de Coubertain foi consequência de sua "motivação e superação" para enfrentar e superar a dificuldade, mas acender a pira olímpica na abertura dos Jogos do Rio foi "a maior glória" de sua carreira e vida.

Vanderlei começou no atletismo aos 16 anos e aos 19 anos já estava na seleção brasileira. Disputou o Mundial Juvenil de Sudbury, Canadá, em 1988 - foi 8º nos 20 km (1:02.55). O fundista tem uma carreira pontuada por histórias incríveis, como sua estreia feita na Maratona de Reims, na França, em 1994. Foi convidado para puxar a prova como coelho até o km 21. Não só cumpriu a sua função como completou os 42.195 m com vitória (2:11:06).

Em 1996, foi o campeão da Maratona de Tóquio (2:08:38). O seu recorde pessoal para os 42,195 km da maratona é de 2:08:31, também estabelecido na Maratona de Tóquio-1998, quando foi o segundo colocado. Vanderlei é bicampeão pan-americano na maratona, com as conquistas em Winnipeg-1999 e Santo Domingo-2003. Disputou três edições de Jogos Olímpicos - Atlanta-1996 (47º) e Sydney-2000 (75º) antes de Atenas-2004 e a consagração no pódio olímpico.

A Caixa é a Patrocinadora Oficial do Atletismo Brasileiro.

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