Bragança Paulista - Adhemar Ferreira da Silva nasceu em 29 de setembro de 1927, em São Paulo, há 93 anos, na Casa Verde, bairro da zona norte de São Paulo, filho de um ferroviário e de uma dona de casa. E dentro da série Aniversários a homenagem da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) é para Adhemar Ferreira da Silva, que morreu em 12 de janeiro de 2001, aos 73 anos, em São Paulo. A série de perfis que a CBAt iniciou em julho de 2020 visa a marcar a trajetória de heróis do atletismo nacional. Hoje é o dia de lembrar de Adhemar.
Adhemar adorava futebol, mas tinha de trabalhar para ajudar no sustento da família. Foi retocador em um ateliê de escultura e funcionário público. Fez o primeiro teste no atletismo, em 1946, aos 19 anos. Ficou claro que o biótipo e o talento nato favoreciam. Após umas poucas orientações, saltou 12,80 m, impressionou e passou a ser orientado pelo treinador alemão Dietrich Gerner, no São Paulo Futebol Clube (as duas estrelas douradas das cinco que estão na camisa do time de futebol representam o bicampeonato olímpico de Adhemar). Ali começava uma trajetória de sucesso no atletismo.
Em 1947 foi campeão paulista, com 14,77 m, e no ano seguinte foi convocado para integrar a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres-1948 (foi 11º, com 14,46 m).
Primeiro igualou o recorde mundial, em 1950, em São Paulo, quando saltou 16 metros – a marca pertencia ao japonês Naoto Tajima desde os Jogos Olímpicos de Berlim-1936. Em 1951, aos 24 anos, Adhemar quebrou o recorde mundial no seu sexto salto, com 16,01 m, no Troféu Brasil, na pista do Estádio das Laranjeiras, do Fluminense FC, no Rio de Janeiro.
O nome Adhemar Ferreira da Silva sempre integra qualquer lista dos destaques do atletismo e da história olímpica do esporte brasileiro. A maior consagração do paulistano Adhemar, dono de uma técnica elegante e altiva no salto triplo, foi o bicampeonato olímpico – as duas medalhas de ouro conquistadas em Helsinque-1952, na Finlândia, e Melbourne-1956, na Austrália.
E na Olimpíada de Helsinque – a Finlândia é um país que o atletismo sempre teve popularidade – saltou quatro vezes acima do seu recorde mundial anterior nas seis tentativas (15,95 m, 16,12 m, 15,54 m, 16,09 m, 16,22 m e 16,05 m). Venceu com 16,22 m, novo recorde mundial e olímpico do salto triplo. E na comemoração, para agradecer ao público, correu os 400 m da pista do estádio, criando a ‘volta olímpica’. Foi o primeiro título olímpico do atletismo brasileiro.
Em Melbourne, o ouro de Adhemar veio acompanhado do recorde olímpico – 16,35 m – ao melhorar a sua própria marca de Helsinque, quatro anos antes. Ganhou o apelido carinhoso de ‘canguru brasileiro’. Na véspera da qualificação teve uma forte dor de dente, fruto de um problema no canal, que foi resolvida com uma visita ao dentista que abriu uma obturação. No dia da final estava muito confiante e teve o apoio da torcida que gritava o seu nome: ‘Da Silva, Da Silva’.
Adhemar foi destaque em sua geração – quebrou cinco vezes o recorde mundial do salto triplo. Foi tricampeão pan-americano da prova, em Buenos Aires-1951, Cidade do México-1955 e Chicago-1959, mais uma vez com o recorde mundial, de 16,56 m, e a melhor marca de sua carreira. Disputou ainda os Jogos Olímpicos de Roma-1960, aos 33 anos (15,07 m, 14º) – na saída do estádio foi aplaudido pelo público. No ano seguinte, em 1961, descobriu que estava com tuberculose.
Por sua brilhante carreira, Adhemar recebeu o título de Emérito da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) em 26 de fevereiro de 1988 – é concedido a atletas que obtiveram grande destaque internacional ou por relevantes serviços prestados ao atletismo brasileiro. Na mesma data o técnico Dietrich Gerner foi homenageado com a medalha do mérito.
Recebeu ainda a Ordem do Mérito Olímpico, condecoração do Comitê Olímpico Internacional (COI), com títulos honoríficos da Finlândia, Japão e Austrália, integra o Hall da Fama da World Athletics (WA) e este ano entrará no Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
Adhemar foi também uma pessoa diferenciada. Era formado em Direito, Belas Artes, Relações Públicas e Educação Física e poliglota. Foi colunista do jornal Última Hora, adido cultural do Brasil na Nigéria e ator do filme Orfeu Negro, inspirado na peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes, do diretor francês Marcus Camus (levou a Palma de Ouro de melhor filme estrangeiro no Festival de Cannes, em 1959).
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A homenagem feita a Dietrich Gerner, treinador do bicampeão olímpico Adhemar Ferreira da Silva, e que foi escolhido como 'lenda' da América do Sul pela World Athletics foi entregue ao clube pela CBAt e Federação Sul-Americana
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