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A pioneira Melânia Luz e força dos negros no esporte

20.11.2020  |    26 visualizações

Em 1948, em Londres, Melânia abriu caminho paras as mulheres negras nos Jogos Olímpicos. Na categoria "In Memoriam", ela recebeu o título de Emérita da Confederação Brasileira de Atletismo, que enaltece a importância dos negros na modalidade

Bragança Paulista - Melânia Luz dos Santos, a primeira negra a fazer parte de uma seleção brasileira nos Jogos Olímpicos, na edição de Londres-1948, recebeu no dia 25 de outubro o título de Emérita da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), concedido pela Assembleia Extraordinária da entidade, num reconhecimento importantíssimo de sua participação no esporte, quebrando barreiras, após apenas 50 anos da abolição da escravatura no Brasil.

A família receberá a homenagem, na categoria “In Memoriam”, já que a velocista, nascida a 1º de junho de 1928, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, faleceu no dia 22 de junho de 2016, poucos dias após completar 88 anos, também na capital paulista, de acordo com a filha Maria Emília que sempre a acompanhou.

Melânia pode representar - e bem - o valor do atletismo como um dos principais esportes de inclusão social e, principalmente, de reconhecimento da força da população negra numa modalidade tão importante, considerada por muitos a número um das Olimpíadas.

A atleta era orientada pelo alemão Dietrich Gerner e colega de treinamento de Adhemar Ferreira da Silva. Eles defendiam o São Paulo Futebol Clube, ainda no bairro do Canindé, em São Paulo.

No 4x100 m, Melânia formou equipe com Benedicta Souza Oliveira, Elizabeth Clara Muller e Lucila Pini. Foi o primeiro quarteto brasileiro feminino de revezamento em Olimpíadas. Ela correu os 200 m em 26.6, sendo a quarta colocada na primeira série eliminatória. O 4x100 m quebrou o recorde sul-americano, com 49.0, também na primeira série eliminatória.

Em entrevista em 2011 ao jornalista Helvídio Mattos, na ESPN Brasil, Melânia deixou sua opinião. “Eu fiquei na história. Eu também competi. Não é que me deixaram”, observou a ex-atleta, que se aposentou como técnica em exames do Hospital do Servidor Público e defendeu, além do São Paulo, o Tietê e o Floresta, atual Espéria.

No Dia da Consciência Negra, uma homenagem aos atletas brasileiros que marcaram presença na história do atletismo. Não podemos dizer que o racismo é coisa do passado, muito ao contrário, mas atualmente há uma legislação que pune racismo como crime no Brasil e em muitas outras nações.

A campanha “Vidas Negras Importam” agitou desde a NBA até a Fórmula 1. De uma forma ou de outra, porém, os negros das Américas sempre encontraram uma forma de superar as adversidades. Duas das atividades em que isto mais aconteceu foram as artes, notadamente na música, e o esporte, principalmente futebol, atletismo e boxe.

Neste 20 de novembro, aniversário da morte de Zumbi, é o Dia da Consciência Negra, feriado em inúmeras cidades do País. Um bom dia para reverenciar grandes nomes do esporte nacional, de origem africana.

Pelé, sem dúvida, é um nome mundial, o rei do futebol, que completou 80 anos em outubro. Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão do salto triplo, é o maior nome da história olímpica do atletismo do Brasil. No exterior, vários nomes confirmam a qualidade da atuação dos afro-americanos, caso, por exemplo, de Michael Jordan e atualmente LeBron James, no basquete, Muhammad Ali, no boxe, Serena Williams, no tênis, e Lewis Hamilton, na Fórmula 1.

O atletismo, embora representado por todas as raças, tem nos atletas negros os responsáveis por algumas das principais conquistas. Usain Bolt, David Rudisha, Shelly-Ann Fraser-Pryce são alguns dos astros do esporte-base mundial, como foram, no passado, Jesse Owens, Abebe Bikila, Carl Lewis, Michael Johnson e muitos outros.

No Brasil, além de Adhemar, outros dois triplistas negros foram recordistas mundiais e ganharam medalhas olímpicas: Nelson Prudêncio e João Carlos de Oliveira, o João do Pulo.

Mais alguns exemplos de atletas que orgulham o País: José Telles da Conceição, Nelson Rocha dos Santos, Robson Caetano, Arnaldo de Oliveira, Edson Luciano Ribeiro, Claudinei Quirino, Zequinha Barbosa, Ronaldo da Costa, Jadel Gregório, André Domingos, Almir Junior, Luiz Antônio dos Santos, Wanda dos Santos, Aida dos Santos, Silvina das Graças, Esmeralda de Jesus, Conceição Geremias, Elisângela Adriano, Lucimar Moura, Luciana Santos, Keila Costa, Andressa Morais, Rosangela Santos, Mauro Duda da Silva, José Carlos Codó, Sandro Viana, entre muitos outros como os velocistas campeões mundiais de revezamento Paulo André de Oliveira, Derick Souza, Rodrigo Nascimento, Jorge Vides e Vitor Hugo dos Santos. Impossível nomear todos, tamanha a contribuição. São atletas importantes para o Brasil de todas as gerações.

 

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