Bragança Paulista - Cláudio Roberto Sousa receberá a sua medalha de prata do revezamento 4x100 m dos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, depois de 20 anos de espera, no dia 13 de dezembro, no término do programa de provas do Troféu Brasil Caixa de Atletismo, até o momento marcado para o Centro Olímpico, em São Paulo.
A medalha é originária do Museu Olímpico do COI, em Lausanne, Suíça, e a cerimônia seguirá o protocolo de entrega de medalhas da entidade, incluindo a execução do Hino Olímpico. Cláudio Roberto Sousa receberá a medalha das mãos do presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley Teixeira, e participarão da homenagem os titulares da equipe de 2000 Vicente Lenilson, Edson Luciano Ribeiro, André Domingos e Claudinei Quirino.
Claudinho, como sempre foi conhecido pela comunidade atlética, era reserva da equipe olímpica do revezamento e correu a eliminatória, vencida pelos brasileiros. Na final, foi substituído por Claudinei Quirino, que fechou o 4x100 m. O grupo era formado ainda por Raphael Raymundo de Oliveira, também reserva. O treinador era Jayme Netto Júnior.
O quarteto do Brasil recebeu a medalha no próprio estádio, na cerimônia do pódio, no dia 30 de setembro de 2000. A de Claudinho ficou de ser entregue depois, mas nunca foi recebida. O COB, em 2001, entrou em contato com o COI, que teria afirmado que a responsabilidade de prover a medalha era do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Sydney. Em 2003, nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, na República Dominicana, Claudinho ganhou do COI um pin, destinado aos medalhistas olímpicos como compensação.
Sem novidades sobre o assunto por anos, Claudinho foi homenageado na Assembleia Geral da CBAt, da qual é membro com direito a voto, em 2016, em São Paulo, com uma réplica da medalha olímpica de Sydney numa iniciativa de André Domingos e Arnaldo de Oliveira.
A cessão da medalha começou a se tornar realidade no fim de 2019, quando representante do COB encontrou Claudinho em Teresina, Piauí. Foram retomadas as tratativas com o COI, desta vez bem-sucedidas. Após uma troca de mensagens, apresentação e análise de provas e documentos, o COB recebeu o comunicado do COI informando que concordava com o pedido e enviaria a medalha ao Brasil. Em maio de 2020, Claudinho recebeu a confirmação de que teria a sua medalha.
"Estou superfeliz, eu e minha família. Essa felicidade vem desde o momento em que recebi a confirmação de que receberia a medalha. E com a certeza da data já estou suando frio. São 20 anos de espera, num determinado tempo da minha vida eu tinha desencanado, não desistido, mas parei de ir atrás. De repente, as coisas voltaram a acontecer - ganhei a réplica do André, o assunto voltou à imprensa e eu falei da história e a vontade de ter a medalha aflorou, ficou forte. Posso resumir tudo isso em felicidade", disse o piauiense nascido em Teresina, de 46 anos.
"Valeu a pena esperar 20 anos pelo reconhecimento agora da minha participação naqueles Jogos. Até brinco com os 'meninos': 'Fui reserva e estou aparecendo mais do que vocês'", acrescentou Claudinho, que disse que "o Vicente, o Edson, o André, o Claudinei, o Raphael e o Jayme estão felizes também". "Uma bela maneira de relembrar aquela equipe maravilhosa, valorizar a conquista do atletismo brasileiro naquele Jogos. A história da minha medalha dá um valor maior ainda a conquista."
Claudinho fez questão de agradecer aos jornalistas que divulgaram a história, ao André Domingos, pela réplica, ao COI, que reconheceu o direito a medalha, e ao COB, que fez o contato para resolver a questão. Também agradeceu aos seus colegas e ao treinador do revezamento e ao seu técnico pessoal, Katsuhico Nakaya, "uma parceria que rendeu a medalha olímpica, a participação em dois Jogos Olímpicos, um Pan e quatro Mundiais".
Claudinho ainda tem no currículo as medalhas de prata no Mundial de Atletismo, em Paris, na França, e o ouro nos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo, na República Dominicana, ganhas em 2003 com o revezamento 4x100 m. Atualmente, o velocista integra o projeto Heróis do Atletismo Caixa, da CBAt, e atua no projeto esportivo da Fundação Nossa Senhora da Paz, em Teresina.
A medalha de 2020 - Num ano marcado pela pandemia da COVID-19 e o adiamento da Olimpíada de Tóquio, no Japão, para 2021, o Brasil comemora a medalha de Claudinho e do atletismo que faltava.
"Cláudio Roberto Sousa receberá uma homenagem à altura de seus feitos para o esporte olímpico brasileiro. Sua participação nas eliminatórias foi fundamental para a prata olímpica do revezamento 4x100 m em Sydney. O COB fez tudo que esteve ao seu alcance para viabilizar essa merecida honraria e, mesmo com o adiamento dos Jogos Olímpicos para o ano que vem, temos a alegria de dizer que o Brasil não ficará sem medalha em 2020”, afirmou o presidente do COB, Paulo Wanderley.
O presidente do Conselho de Administração da CBAt, Warlindo Carneiro da Silva Filho, disse que a cerimônia no Troféu Brasil valoriza ainda mais o trabalho da comunidade do atletismo brasileiro. "Parabenizo o Claudinho, uma pessoa sensacional, pela tranquilidade com que esperou e o COB pelo trabalho. Estamos todos felizes e emocionados com mais essa vitória do atletismo brasileiro. E assim, teremos resgatado mais uma medalha olímpica, emblemática porque vai ser entregue no ano de uma Olimpíada que não aconteceu", comentou.
A Caixa é a Patrocinadora Oficial do Atletismo Brasileiro.
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