Bragança Paulista - Darlan Romani é campeão mundial indoor do arremesso do peso. O catarinense de Concórdia, de 30 anos, deu show no segundo dia de disputas (19/3) do Campeonato Mundial Indoor de Atletismo, na Stark Arena, em Belgrado, Sérvia. Levou o ouro com 22,53 m, com recorde do campeonato e ainda melhorou três vezes o recorde sul-americano em pista coberta da prova. Darlan é o quarto campeão mundial indoor do Brasil - se junta à Zequinha Barbosa (800 m), Fabiana Murer (salto com vara) e Mauro Vinícius "Duda" da Silva (salto em distância).
E Darlan não fez isso em um evento esvaziado. Deixou para trás ninguém menos que o bicampeão olímpico e recordista mundial Ryan Crouser, dos Estados Unidos, que foi prata com 22,44m, e o atual medalhista de bronze olímpico Thomas Walsh, da Nova Zelândia, com 22,31m. Darlan encerrou uma invencibilidade de 26 eventos de Crouser, considerado o maior arremessador do peso da história.
Esta é a primeira medalha do Brasil em Mundiais no arremesso do peso e também a primeira da carreira de Darlan. Competindo em uma era fortíssima do arremesso do peso, Darlan bateu na trave do pódio em três torneios importantes: o Mundial Indoor de 2018, o Mundial de 2019 e os Jogos Olímpicos de Tóquio-2021.
Darlan vinha de dois quarto lugares na prova do peso nas edições de Portland-2016, nos Estados Unidos, e de Birmigham-2018, na Grã-Bretanha. Começou bem a competição em Belgrado, com um lançamento de 21,74 m - de cara, quebrou o recorde sul-americano indoor que havia estabelecido em Cochabamba, na Bolívia, ao conquistar o ouro com 21,71 m. Mostrou consistência e foi melhorando ainda mais.
Fez um arremesso de 21,79 m na segunda tentativa e depois passou da marca dos 22 metros - 22,53 m - na terceira assumindo a liderança da prova, à frente de Ryan Crouser e Tomas Walsh. No quarto arremesso, Darlan fez 21,31 m, queimou o quinto, mas foi para a sexta e última rodada de arremessos ainda na liderança. Viu os adversários diretos fracassarem na tentativa de ultrapassar sua marca e comemorou o título.
Na comemoração, emocionado, deu a volta olímpica na pista de 200 metros da Stark Arena e posou para os fotógrafos de todo o mundo.
Darlan também é o recordista sul-americano ao ar livre, com 22,61 m. Estreou nesta temporada em 29 de janeiro (com 20,06 m), tendo a companhia depois de mais um ano do treinador, o especialista cubano Justo Navarro, que ficou fora do país por causa da pandemia da COVID-19. Darlan treina no Centro Nacional Loterias Caixa de Desenvolvimento do Atletismo, na cidade de Bragança Paulista (SP) onde também vive. O treinador Justo Navarro é funcionário da CBAt. Optou por não fazer a temporada indoor na Europa para ficar treinando com Justo em Bragança. Sua única competição indoor foi o Sul-Americano de Cochabamba.
Ganhador do Prêmio Atleta de Valor 2021, da instituição Sou do Esporte, na categoria olímpica, Darlan tem uma carreira vitoriosa. É campeão brasileiro, sul-americano, dos Jogos Pan-Americanos, do Mundial Militar e da Copa Continental da World Athletics, quando representou a seleção das Américas.
"Nunca fico satisfeito com os resultados. Quero sempre mais. Não estou feliz com as marcas de 2020, de 21,52 m, nem de 2021, com 21,88 m. Sei que posso conseguir mais", dizia Darlan antes do embarque para o Mundial.
O arremessador pensava em ser motorista de ônibus quando criança – seu pai tinha uma empresa de transporte no Oeste de Santa Catarina. Para dominar o estresse do dia a dia, Darlan tem um remédio. "Pego meu caminhão e dou uma voltas por Bragança Paulista", revelou o atleta, que tem uma empresa de transportes, é casado com Sara Romani, ex-atleta do salto com vara, e pai de Alice, de 6 anos.
Darlan foi quarto colocado no Mundial de Doha-2019, depois de entrar na sexta e última tentativa com a medalha de bronze. Foi quarto colocado também em Tóquio-2021, quando sofreu com a ausência do treinador Justo Navarro, que ficou mais de um ano fora do Brasil. Foi quinto nos Jogos do Rio-2016.
Agora, Darlan dará sequência ao treinamento na Europa acompanhado pelo seu treinador Justo Navarro. O Mundial do Oregon, na cidade de Eugene, nos Estados Unidos, é a principal competição do calendário do atletismo este ano.
Nos 60 m com barreiras Ketiley Batista ficou em 39º lugar com 8.37, sua melhor marca pessoal. Vitória Sena Batista Alves foi 41ª, com 8.65. A francesa Cyréna Samba-Mayela foi campeã (7.78), seguida pela atleta das Bahamas Devynne Charlton (7.81) e da norte-americana Gabriele Cunningham (7.87).
Felipe Bardi, um estreante em Mundial indoor, avançou até a semifinal dos 60 m rasos e terminou em 17º com 6.67. Erik Cardoso foi 34º, com 6.73. O campeão foi o italiano Lamont Marcell Jacobs (6.41), numa chegada eletrizante junto com Chritian Coleman, dos Estados Unidos (6.41), com o bronze do norte-americano Marvin Bracy (6.44).
O Mundial prossegue este domingo (20/3), com mais participações de brasileiros.
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