Caio Sena Bonfim, de 33 anos, virou a cara da marcha atlética do Brasil. Em sua quarta participação olímpica, coroada com a medalha de prata nos Jogos de Paris 2024, o marchador brasiliense conquistou o título que faltava em sua vitoriosa carreira. Caio deixou o Rio de Janeiro, onde foi realizada a cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico, nesta quinta-feira (12/12), carregado de troféus. Recebeu o Troféu Rei Pelé - Melhor Atleta do Ano no masculino (Rebeca Andrade, da ginástica artística, foi a premiada no feminino), de Atleta da Torcida - escolhido pelo voto popular - e de Melhor do Ano do Atletismo.
Caio Bonfim é o Melhor Atleta do Ano e leva o Troféu Rei Pelé
Na noite desta quarta-feira (11/12), a inédita conquista de Caio para a marcha atlética do Brasil, foi reconhecida no Oscar do esporte brasileiro.
Já são duas medalhas de bronze em Mundiais e quatro medalhas (duas pratas e dois bronzes) em Jogos Pan-Americanos. O pódio olímpico de Paris teve Brian Daniel Pintado, do Equador, com o ouro (1:18.55), o brasileiro Caio Bonfim com a inédita prata (1:19.09) e o espanhol Alvaro Martín com o bronze (1:19.11).
A prova, que nem era muito popular no Brasil, sempre foi assunto na casa de Caio. Afinal, ele é filho de Gianetti Sena Bonfim, ex-marchadora, e de João Sena, que foi técnico da esposa. É um amor que vem de casa.
Toda a família está envolvida com a disciplina, inclusive como equipe – a família Sena Bonfim é a condutora do CASO, Centro de Atletismo de Sobradinho (DF), que trabalha com crianças e jovens como projeto social e também com o alto rendimento, e já formou outros atletas olímpicos, como Gabriela Muniz e Max Batista.
Caio diz que sempre foi um menino ativo, daqueles que não paravam quietos e davam trabalho na escola. Por isso, sempre foi incentivado à prática esportiva, nas diversas modalidades. Sua primeira paixão foi mesmo o futebol, e Caio chegou a atuar nas categorias de base do Brasiliense – era lateral esquerdo. Mas, aos 13 anos, fez testes no atletismo, a pedido do pai.
Em 2007, com 16 anos, decidiu virar atleta da marcha atlética – o futebol já tinha gente demais, concluiu Caio. Ele disputou suas primeiras competições na marcha atlética. Foi campeão brasileiro de menores e vice-campeão brasileiro juvenil. Gianetti, que foi octampeã nacional, medalhista sul-americana e ibero-americana, estava encerrando a carreira. Os pais, então, viraram seus técnicos.
Cinco anos depois de sua estreia no atletismo, Caio já estava disputando sua primeira Olimpíada. Em Londres-2012, aos 21 anos, realizou um sonho, que não era só seu, mas também de Gianetti. A capital inglesa tem significado especial para o marchador. Foi nas ruas de Londres que ele conquistou seu primeiro pódio em Mundiais, na edição de 2017. Mas foi o 39º e saiu de cadeira de rodas - passou mal durante toda a prova, também por ter comido uma maçã antes da largada.
A segunda Olimpíada foi em 2016, no Rio. Caio lembra do privilégio de disputar uma edição dos Jogos em casa, e do "quase" na classificação final: o brasileiro foi quarto colocado, a apenas 5 segundos da medalha de bronze.
Mas um dos grandes ganhos por ter marchado no Brasil foi a vitrine que a Olimpíada trouxe para a marcha. A disciplina sempre foi alvo de preconceitos pelo balançar dos quadris. Caio afirma que as palavras ofensivas que ouvia ao treinar na rua diminuíram, e os incentivos aumentaram. "Agora a buzina vem acompanhada de um positivo e de alguma frase legal."
Nos Jogos de Tóquio, realizados em 2021 por causa da pandemia de covid-19, Caio foi o 13º colocado. Ficou a frustração. O bom preparo vinha junto com o sonho da medalha olímpica. Mas Caio cansou e não teve fôlego para o pódio.
Em 2023, no Mundial de Budapeste, a marcha foi responsável pela única medalha do Brasil, a segunda de Caio. Ele também conquistou duas medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Santiago – prata nos 20 km e bronze na maratona de revezamento misto. Por fim, venceu o Circuito Mundial de marcha, o que premia a regularidade do atleta.
Em 2024, Caio abriu a temporada em março e garantiu o índice olímpico com o bronze Grande Prêmio Chinês de Taicang, com 1:17.44 (a marca mínima exigida pela World Athletics era de 1:20.10), seu melhor resultado pessoal e recorde brasileiro.
Também se destacou no Mundial de Marcha Atlética por Equipes, em Antalya, Turquia, em abril. Ao lado de Viviane Lyra, alcançou a vaga olímpica no revezamento misto da maratona da marcha atlética. Em Paris, a dupla ficou entre as top 8 - conquistou a 7ª colocação (2:54:08).
O brasileiro lidera o Tour Mundial 2024 dos 20 km marcha atlética (similar a Diamond League da marcha), com 4.072 pontos, por seus três resultados em Taicang (CHN), no dia 3 de março (1:17:44), em La Corunã (ESP), em 18 de maio (1:17:52), e na Olimpíada, em Paris, no dia 1 de agosto, com o tempo da medalha de prata (1:19:09). O segundo colocado é o campeão olímpico, o equatoriano Brian Pintado (4.068 pontos), e o terceiro o medalhista de bronze em Paris, o espanhol Álvaro Martín (4.035 pontos).
Caio Bonfim já anunciou que disputa mais um ciclo olímpico, até Los-Angeles 2028. Caio já competiu a Olimpíada de Paris, com o índice dos 20 Km assegurado para o Mundial de Tóquio 2025 (Japão), que será realizado 13 a 21 de setembro.
Ficha técnica
Caio Sena Bonfim
Data e local de nascimento – 19/3/1991 – Sobradinho (DF)
Treinador – Gianetti Sena Bonfim
Clube – CASO (DF)
Recorde pessoal – 1:17:44 – 3/3/2024 – Taicang (CHN), recorde brasileiro (NR)
Melhores marcas de Caio Bonfim na marcha atlética 20 km
1) 1:17:44 - 3/3/2024 - Taicang (CHN)
2) 1:17:47 - 19/8/2023 - Budapeste (HUN)
3) 1:17:52 - 18/5/2024 - La Coruña (ESP)
4) 1:18:29 - 3/6/2023 - La Coruña (ESP)
5) 1:18:47 - 8/6/2019 - La Coruña (ESP)
6) 1:18:50 - 6/4/2024 - Podebrady (CZE)
7) 1:18:54 - 2/4/2022 - Podebrady (CZE)
8) 1:19:04 - 13/8/2017 - Londres (ING)
9) 1:19:09 - 1/8/2024 - Paris (FRA)
10) 1:19:17 - 5/5/2024 - Varsóvia (POL)
Principais títulos
2º lugar - marcha atlética 20 km - Olimpíada de Paris-2024
4º lugar - marcha atlética 20 km - Olimpíada do Rio-2016
3º lugar - marcha atlética 20 km - Mundial de Budapeste-2023
3º lugar - marcha atlética 20 km - Mundial de Londres-2017
2º lugar - marcha atlética 20 km - Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023
3º lugar - maratona de revezamento misto da marcha atlética - Jogos Pan-Americanos de Santiago-23
2º lugar - marcha atlética 20 km - Jogos Pan-Americanos de Lima-2019
3º lugar - marcha atlética 20 km - Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015
As Loterias Caixa são a patrocinadora máster do atletismo brasileiro.
Assessoria de Comunicação: Heleni Felippe (helenifelippe@cbat.org.br) e Maiara Dias Batista (maiara@cbat.org.br).
Com os pódios de José Telles da Conceição, bronze, e Adhemar Ferreira da Silva, ouro, na XV Olimpíada de Helsinque, em 1952; Caio Bonfim, prata, e Alison dos Santos, bronze, na XXXII Olimpíada de Paris, em 2024, fica a homenagem e todos os atletas do Brasil
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