Caio Sena Bonfim, de 34 anos, é a cara da marcha atlética do Brasil. Em sua oitava participação em um Campeonato Mundial, ganhou sua terceira medalha, agora inédita, de prata e nos 35 km. O marchador brasiliense, que foi vice-campeão olímpico em Paris-2024, conquistou mais uma medalha que ainda não tinha em sua vitoriosa carreira, nesta sexta-feira (12/9), manhã de sábado (13/9) no Japão. Foi uma prova exaustiva, com calor e altíssima umidade relativa do ar, mas cheia de charme e emoções, com muitas mudanças de posições na frente, largada e chegada no Estádio Olímpico de Tóquio, no Japão.
Caio tinha duas medalhas de bronze em Mundiais (Londres-2017 e Budapeste-2023), mas na marcha atlética de 20 km, e quatro medalhas (duas pratas e dois bronzes) em Jogos Pan-Americanos.
O pódio teve Evan Duffen, do Canadá, com o ouro (2:28:22), o brasileiro Caio Bonfim com a inédita prata (2:28:55) e o japonês Hayato Katsuki com o bronze (2:29:16).
A prova, que pode até não ser muito popular no Brasil, sempre foi assunto na casa de Caio. Afinal, ele é filho de Gianetti Sena Bonfim, ex-marchadora, e de João Sena, que foi técnico da esposa. É um amor que vem de casa. A marcha é tema recorrente na família, mesmo entre os mais jovens - Caio, casado com Juliana, é pai de Miguel, Theo e Manuel (nasceu em julho). "É pro senhor, cara" - disse, referindo-se ao pai João Sena na TV. "Miguel, meu filho mais velho, Theo, o do meio, Manuel, meu caçula - 'ganhei a medalha dele'. Minha esposa, minha mãe. Obrigado por acreditarem."
Toda a família está envolvida com a disciplina, inclusive como equipe – a família Sena Bonfim é a condutora do CASO, Centro de Atletismo de Sobradinho (DF), que trabalha com crianças e jovens como projeto social e também com o alto rendimento, e já formou outros atletas olímpicos, como Gabriela Muniz e Max Batista, que também estão no Mundial, além de Elianay Barbosa.
Caio diz que sempre foi um menino ativo, daqueles que não paravam quietos e davam trabalho na escola. Por isso, sempre foi incentivado à prática esportiva, nas diversas modalidades. Sua primeira paixão foi mesmo o futebol, e Caio chegou a atuar nas categorias de base do Brasiliense – era lateral esquerdo. Mas, aos 13 anos, fez testes no atletismo, a pedido do pai.
Em 2007, com 16 anos, decidiu virar atleta da marcha atlética – o futebol já tinha gente demais, concluiu Caio. Ele disputou suas primeiras competições na marcha atlética. Foi campeão brasileiro de menores e vice-campeão brasileiro juvenil. Gianetti, que foi octampeã nacional, medalhista sul-americana e ibero-americana, estava encerrando a carreira. Os pais, então, viraram seus técnicos.
Cinco anos depois de sua estreia no atletismo, Caio já estava disputando sua primeira Olimpíada. Em Londres-2012, aos 21 anos, realizou um sonho, que não era só seu, mas também de Gianetti. A capital inglesa tem significado especial para o marchador. Foi nas ruas de Londres que ele conquistou seu primeiro pódio em Mundiais, na edição de 2017.
A segunda Olimpíada foi em 2016, no Rio. Caio lembra do privilégio de disputar uma edição dos Jogos em casa, e do "quase" na classificação final: o brasileiro foi quarto colocado, a apenas 5 segundos da medalha de bronze.
Mas um dos grandes ganhos por ter marchado no Brasil foi a vitrine que a Olimpíada trouxe para a marcha. A disciplina sempre foi alvo de preconceitos pelo balançar dos quadris. Caio afirma que as palavras ofensivas que ouvia ao treinar na rua diminuíram, e os incentivos aumentaram.
Nos Jogos de Tóquio, realizados em 2021 por causa da pandemia de covid-19, Caio foi o 13º colocado.
Em 2023, no Mundial de Budapeste, a marcha foi responsável pela única medalha do Brasil, a segunda de Caio. Ele também conquistou duas medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Santiago – prata nos 20 km e bronze na maratona de revezamento misto. Por fim, venceu o Circuito Mundial de marcha, o que premia a regularidade do atleta.
A temporada de 2025 do medalhista começou com mais um excelente resultado: Caio disputou os 20 km do Campeonato Japonês, em Kobe, no dia 16 de fevereiro. Conquistou o terceiro lugar na prova com a marca de 1:17:37, melhorando o seu próprio recorde brasileiro. Depois, competiu outras seis vezes, em provas de 10 km e 20 km, antes de vencer os 20.000 m do Troféu Brasil com o recorde brasileiro e sul-americano, com o tempo de 1:18.37.9 (4º do ranking histórico da prova).
Ficha técnica
Caio Sena Bonfim
Data e local de nascimento – 19/3/1991 – Sobradinho (DF)
Treinadora – Gianetti Sena Bonfim
Clube – CASO (DF)
Recordes pessoais:
35 km – 2:25:14 – 24/7/2022 - Eugene (EUA), recorde brasieiro (NR)
20 km – 1:17:37 – 16/2/2025 – Kobe (JAP), recorde brasileiro (NR)
Principais títulos
2º lugar - marcha atlética 35 km - Mundial de Tóquio-2025
2º lugar - marcha atlética 20 km - Olimpíada de Paris-2024
4º lugar - marcha atlética 20 km - Olimpíada do Rio-2016
3º lugar - marcha atlética 20 km - Mundial de Budapeste-2023
3º lugar - marcha atlética 20 km - Mundial de Londres-2017
2º lugar - marcha atlética 20 km - Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023
3º lugar - maratona de revezamento misto da marcha atlética - Jogos Pan-Americanos de Santiago-23
4º lugar - marcha atlética 35 km - Mundial de Eugene-2022
2º lugar - marcha atlética 20 km - Jogos Pan-Americanos de Lima-2019
3º lugar - marcha atlética 20 km - Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015
As Loterias Caixa e a Caixa são patrocinadoras máster do Atletismo Brasil.
Assessoria de Comunicação: Heleni Felippe (helenifelippe@cbat.org.br) e Maiara Dias Batista (maiara@cbat.org.br).
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