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A medalha que faltava: Caio Bonfim é ouro nos 20 km da marcha atlética e se torna o maior medalhista brasileiro em Mundiais

19.09.2025  |    493 visualizações

Depois da prata nos 35 km, há uma semana, marchador de 34 anos conquista o inédito título mundial; é a quarta medalha de Caio em Mundiais, e a 19ª do país, que já tem a melhor campanha em 20 edições de Mundiais realizadas

Caio Bonfim (CASO-DF) ganhou a medalha que faltava: o ouro. O brasileiro de 34 anos é o campeão mundial dos 20 km da marcha atlética, na prova disputada na noite desta sexta-feira (19/9), em Tóquio, e se tornou o maior medalhista do país em Mundiais. São quatro medalhas em oito edições disputadas: bronze em Londres-2017 e Budapeste-2023 no 20 km, e a prata nos 35 km conquistada no primeiro dia do Mundial (12/9).

Com a segunda medalha de Caio Bonfim na competição japonesa, o Brasil chegou a 19 pódios em Mundiais. São três ouros – o primeiro lugar do marchador brasiliense se soma aos títulos de Alison dos Santos, nos 400 metros com barreiras em Eugene-2022, e de Fabiana Murer, no salto com vara, em Daegu-2011. Até agora, esta também é a melhor campanha do Brasil em Mundiais, com um ouro e duas pratas: além das duas medalhas de Caio Bonfim, Alison dos Santos sagrou-se vice-campeão dos 400 metros com barreiras.

Caio Bonfim venceu com o tempo de 1:18:35, seguido pelo chinês Zhaozhao Wang (1:18:43) e pelo espanhol Paul McGrath (1:18:45). Matheus Corrêa (AABLU-SC) terminou a prova em 17º (1:21:04) e Max Batista, em 42º (1:27:34). Na prova feminina, Viviane Lyra foi a 12ª colocada, com o tempo de 1:29:02, e Gabriele Muniz (CASO-DF) terminou em 32º (1:34:28). Érica Sena (Pinheiros-SP) abandonou a prova após o terceiro quilômetro.

Já dentro do estádio, Caio ainda demorou um pouco para entender que era o campeão. "Ainda não caiu a ficha. Eu não sabia que era ouro. Eu passei o chinês e o espanhol na última volta, fiz a vinda para o estádio (marchando) rápido, porque eu pensei: 'eles vão lutar e eu posso perder a medalha, são caras velozes'. Quando chego no estádio, vejo a faixa e penso: 'ué, nos 35 km eu fui segundo e não tinha faixa'. E aí pensei: 'meu Deus, eu vou ser campeão do mundo!'". Não sabia que o japonês Toshikazu Yamanishi tinha sido punido por faltas e não estava na frente.

Depois da conquista da medalha de prata nos 35 km, há uma semana, Caio Bonfim dedicou-se à recuperação depois de uma prova desgastante, realizada no forte calor e na alta umidade da capital japonesa. Mais uma vez, o brasileiro se mostrou um grande estrategista, evoluindo na prova com calma e consistência.

Nos primeiros sete quilômetros de prova, Caio não estava nem entre os 20 primeiros colocados. Mas, na segunda metade da disputa, foi galgando posições, entrando no grupo dos 10 primeiros. Chegou a liderar no km 14, afastou-se da ponta nos quilômetros seguintes, para retornar ao 4º lugar no km 18. No quilômetro final, acelerou para o primeiro lugar, onde se manteve até ultrapassar a linha de chegada no Estádio Nacional do Japão.

"Essa é uma prova muito difícil. Os 20 km são muito intensos, e eu vim crescendo. Sabia que eu tinha velocidade, então eu não podia gastar. Queria fazer os primeiros seis quilômetros bem conservadores para fazer uma prova de 14 km. Foi um Mundial de muita resiliência, de ficar pensando 'não desiste, não desiste, mais uma volta, mais uma volta'. Fui construindo isso, claro, com muito treino, e uma equipe muito preparada". 

Caio, mais uma vez, fez questão de agradecer a todos a seus apoiadores mas, principalmente, seus pais, que também são seus treinadores: Gianetti e João Sena. "Meu pai, meu treinador, que fez esse trabalho para que eu não errasse o pico e chegasse em setembro no auge, para essa ousadia que era subir no pódio nas duas provas. E tem o trabalho da minha mãe: em 2013, eu estava brigando por medalha no Mundial e não consegui terminar, e agora dei um sprint com uma falta no quadro, o que mostra que tecnicamente eu estava muito bem", disse o marchador, que também citou o apoio da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e aos profissionais da fisiologia e da fisioterapia que garantiram sua recuperação após os 35 km.

O marchador também mencionou os sacrifícios, como a distância da família – a esposa, Juliana, os filhos Miguel, Théo e Manuel, nascido em julho. "As crianças sofrem de saudade, então estou aqui por eles. Tem que valer a pena. Quando eu estava nas últimas duas voltas, em que eu já não tinha força, eu pensei: 'os moleques estão sofrendo por uma escolha que você fez, cara, não se entrega'. E aí você dá um jeito". Caio ainda revelou que perdeu a aliança de casamento no terceiro quilômetro. E brincou: "Acho que minha esposa só vai me perdoar se eu conseguir o ouro". 

Caio Bonfim subirá ao pódio para ouvir o hino nacional na manhã de sábado (20/9), pelo horário de Brasília, noite de sábado em Tóquio. Terá a companhia de Alison dos Santos, que também receberá oficialmente a medalha de prata dos 400 m com barreiras.

As Loterias Caixa e a Caixa são patrocinadoras máster do Atletismo Brasil.

Assessoria de Comunicação: Heleni Felippe (helenifelippe@cbat.org.br) e Maiara Dias Batista (maiara@cbat.org.br). 

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