O revezamento 4x100 m é a segunda prova com o maior número de medalhas conquistadas pelo atletismo brasileiro, e a que mais ganhou pódios na pista. São quatro, três com os homens e um com as mulheres. Mais que isso, só o salto triplo, com seis medalhas olímpicas.
A prova do 4x100 m masculino estreou no programa olímpico nos Jogos de Estocolmo-1912. Mas a primeira participação brasileira foi apenas nos Jogos de Londres, em 1948, quando o time parou nas eliminatórias. Depois, o Brasil voltou a disputar o revezamento em Melbourne-1956, quando chegou na semifinal.
Um longo hiato se deu até os Jogos de Moscou, em 1980, quando o Brasil voltou a classificar um time para o 4x100 m. E foi na Olimpíada disputada na União Soviética que o país disputou, pela primeira vez, a final da prova. Com Milton Costa de Castro, Nelson Rocha dos Santos, Katsuhico Nakaya e Altevir de Araújo Filho, o Brasil foi 8º colocado (39.54).
Nelsinho e Nakaya estavam no time que repetiu a mesma posição na final de Los Angeles-1984, 8º (39.40). Completaram a equipe os jovens Arnaldo de Oliveira e Paulo Roberto Correia, além de Robson Caetano, de 19 anos, que correu as eliminatórias.
Foram mais duas edições sem participação na prova por equipe. Até que o Brasil se classificou para a Olimpíada de Atlanta, em 1996. Com a mescla da experiência de Arnaldo Oliveira e Robson Caetano, que disputavam a quarta Olimpíada da carreira, e a juventude de Edson Luciano Ribeiro (estreante) e André Domingos (na segunda participação olímpica), o Brasil foi pela primeira vez ao pódio.
A medalha de bronze foi conquistada no dia 3 de agosto. Na final, o Brasil fez a volta na pista do Estádio Olímpico do Centenário em 38.41, recorde sul-americano – na semifinal, a equipe tinha feito 38.42. Foi a única medalha do atletismo brasileiro naquela edição, conquistada no último dia de provas.
"Atlanta abriu o caminho para outras medalhas. Foi maravilhoso. Chegamos como patinhos feios, comemos pelas beiradas e batemos nossos recordes na semifinal e na final", relembrou André Domingos, último homem do revezamento.
A partir dessa conquista, a eficiência na passagem de bastão se tornou uma marca registrada do revezamento masculino brasileiro. Tanto que o time venceu os Jogos Pan-Americanos de Winnipeg e foi bronze no Mundial de Sevilha, ambos em 1999. Logo, era grande a expectativa pela participação nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000.
Naquela vez, os veteranos eram Edson Luciano Ribeiro e André Domingos. Juntaram-se à equipe Vicente Lenílson, Claudinei Quirino e Cláudio Roberto de Souza, que correu a semifinal. A decisão ocorreu no dia 30 de setembro, e o Brasil voou pelo Estádio Olímpico de Sydney. Com a marca de 37.90, que foi recorde sul-americano por 19 anos, ganhou a medalha de prata e ficou atrás apenas dos poderosos norte-americanos.
"O que eu sei e lembro eu vejo nos vídeos, porque foi tudo no automático. Para ser sincero, lembro de flashes da volta olímpica e do mortal de costas que dei antes de subir no pódio. Nossa equipe tinha a melhor passagem de bastão do mundo, sem exageros. Não éramos os mais rápidos, mas éramos os mais técnicos", lembra Edson Luciano.
A terceira medalha brasileira veio oficialmente apenas em 2019, com mais de uma década de atraso. Na Olimpíada de Pequim-2008, o time formado por Vicente Lenílson, Sandro Viana, Bruno Lins e José Carlos "Codó" Moreira correu a pista do Ninho do Pássaro em 38.24 e terminou na quarta posição.
Mas, em uma reanálise de amostras, o jamaicano Nesta Carter teve um resultado positivo para doping. O país campeão foi desclassificado e o Brasil teve, assim, o bronze confirmado. A entrega das medalhas aconteceu em 31 de outubro de 2019, em cerimônia realizada no Museu Olímpico, em Lausanne, na Suíça.
Vicente Lenílson, que já tinha a prata de Sydney-2000, recebeu a sua segunda medalha. “É um momento único. Me junto ao grupo restrito de brasileiros com duas medalhas. Só tenho a agradecer a todos que lutaram para que essa justiça fosse feita", disse, na cerimônia de entrega.
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