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Maurren Maggi e o 4x100 m: as conquistas femininas nos Jogos de Pequim-2008

30.07.2024  |    1.339 visualizações

Ouro no salto em distância e bronze no revezamento inauguraram o quadro de medalhas das mulheres do atletismo olímpico do Brasil

O dia 22 de agosto de 2008 ficou marcado na história das mulheres do esporte brasileiro. Na mesma data, na pista do Ninho do Pássaro, o estádio da Olimpíada de Pequim, Maurren Maggi conquistou a medalha de ouro no salto em distância – o primeiro título individual feminino do país – e o revezamento 4x100 m disputava sua primeira final olímpica, com um quarto lugar que, mais tarde, se transformaria na medalha de bronze.

Até aquela noite de Pequim, manhã no Brasil, uma mulher brasileira jamais havia sido campeã olímpica. No atletismo, o melhor resultado ainda era de Aída dos Santos, que tinha conquistado o 4º lugar no salto em altura em Tóquio-1964.

A final do salto em distância começou às 19h20, com 12 competidoras. Maurren alcançou a marca de 7,04 m logo em sua primeira tentativa. Precisou esperar toda a prova, e superar a tensão do último salto da russa Tatyana Lebedeva, apenas um centímetro menor que o seu, para celebrar a inédita conquista. “O que é um centímetro? Um centímetro... é o que mudou a minha vida!”, lembra a saltadora.

Maurren tinha disputado a Olimpíada de Sydney-2000, aos 24 anos. Enfrentou uma suspensão por doping de dois anos, entre 2003 e 2005, e retornou às competições em 2006. No ano seguinte, foi campeã nos Jogos Pan-Americanos do Rio. A regularidade dos saltos, sempre próximos aos 7 metros, credenciavam a brasileira a uma medalha. Campeã em 2008, ainda disputou uma terceira Olimpíada, em Londres-2012. Mas, lesionada, não chegou à final.

Pouco depois da conquista de Maurren, às 21h15, as velocistas Rosemar Coelho Neto, Lucimar Moura, Thaíssa Presti e Rosângela Santos largavam para uma inédita final do revezamento 4x100 m. 

O revezamento feminino começou a ser disputado nos Jogos de Amsterdã-1928. O Brasil teve sua primeira participação em Londres-1948, edição em que o país estreou na disputa feminina. A equipe do 4x100 m formada por Benedicta de Oliveira, Lucila Pini, Melânia Luz e Gertrudes Morg fez o tempo de 49 segundos e não se classificou para final. 

O Brasil enfrentou um longo jejum e só voltou a ter um time no revezamento em Atenas-2004. O time formado por Kátia Santos, Lucimar Moura, Rosemar Coelho Neto e Luciana dos Santos fez 43.12 na eliminatória, e também não avançou à decisão. Mas, ali, um objetivo foi firmado pelo técnico Katsuhico Nakaya: "Ele falou que a gente já ia começar a se preparar para 2008", lembra Lucimar. "Foi uma preparação de anos". 

A preparação de quatro anos rendeu frutos, e o 4x100 m chegou em Pequim com duas corredoras experientes, que estiveram na Olimpíada anterior, e duas jovens velocistas – Rosângela, responsável por fechar a prova, tinha apenas 17 anos. "Me jogaram para os leões. Mas eu sempre tive o apoio das minhas companheiras. Elas nunca deixaram que a minha fosse um problema, sempre confiaram em mim".

Se Maurren ganhou o ouro por um centímetro, o pódio do 4x100 m escapou, naquela noite, por meros 10 centésimos de segundo. O Brasil completou a prova em 43.13, e a Nigéria, terceira colocada, fez 43.04. Mas o pódio veio, ainda que tardio. Em setembro de 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou a desqualificação da campeã Rússia, por causa do doping de uma de suas atletas. Assim, o Brasil garantiu a inédita medalha de bronze. 

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